Nos últimos anos, o vinho brasileiro tem conquistado certo reconhecimento internacional devido ao aumento exponencial de sua qualidade. Em um artigo de 2024, a renomada crítica britânica Jancis Robinson, através da pesquisa realizada nesse mesmo ano pela especialista em vinhos da América do Sul, Amanda Barnes, destacou a excelência e a diversidade dos vinhos brasileiros, colocando ainda mais o país no mapa dos amantes da enologia. Agora nos resta conhecer quais são nossos principais destaques regionais que estão conquistando os paladares mundo afora.

O Brasil possui diversas regiões produtoras de vinho, cada uma com suas características únicas e uvas finas de destaque. Na região da Serra Gaúcha, no Rio Grande do Sul, encontramos a uva tinta Merlot e a branca Chardonnay, que são a base para a principal e mais antiga denominação de origem da região (D.O. Vale dos Vinhedos). A Merlot se destaca naquela área pelo fato de sua maturação não ser tão tardia, conseguindo assim evitar o excesso de chuva da Serra Gaúcha no final do estágio de maturação dos frutos, que ocorre entre o final do verão e o início do outono. Dessa forma, os vinhos acabam ganhando boa complexidade de aromas e sabores, além de cor rubi intensa e taninos aveludados.

Além disso, as uvas da família Moscato fazem muito sucesso na Serra Gaúcha, especialmente através do espumante Moscatel, uma grande referência no mercado brasileiro. Outra uva que vem ganhando relevância na região é a Marselan, que eu considero uma das mais promissoras para o futuro dos vinhos tintos brasileiros. Diversas vinícolas têm realizado testes interessantes com essa casta e já pude degustar muitos vinhos de altíssima qualidade sendo produzidos com ela. Podemos estar assistindo ao nascimento de uma nova estrela, fica a dica! E claro, não posso esquecer de mencionar a Cabernet Sauvignon e a Tannat com seu enorme protagonismo na Campanha Gaúcha, onde essas cepas tintas mais pesadas conseguem amadurecer plenamente.

Já as uvas Pinot Noir e Sauvignon Blanc também mostram sua elegância e complexidade no território brasileiro, especialmente na região da Serra Catarinense, onde as baixas temperaturas favorecem seu desenvolvimento. Outro destaque desta região seriam as uvas italianas, como Sangiovese e Montepulciano, que começaram a ser cultivadas por uma questão ligadas às origens das famílias fundadoras das vinícolas, mas acabaram se adaptando muito bem ao terroir catarinense.

No Vale do São Francisco (Nordeste), o clima semiárido e ensolarado acabou se tornando um berço esplêndido para as tintas intensas, como Syrah, Cabernet Sauvignon, Petit Verdot e Alicante Bouschet, resultando em vinhos encorpados e frutados. Entre as brancas, destaco Chenin Blanc e Chardonnay como cepas marcantes da viticultura nordestina. Já no Terroir de Inverno (Sudeste e Centro-Oeste), a Syrah chega abalando as estruturas e ofuscando o brilho das demais variedades. Nesse filme, ela é a estrela principal experiente e contracena com atores coadjuvantes no início da carreira – a Syrah é a Fernanda Montenegro do Terroir de Inverno, não tem pra ninguém!

Apesar do sucesso crescente, o Brasil continua em constante evolução na viticultura. A cada safra, novas técnicas são exploradas e novas uvas são introduzidas, mostrando o potencial inexplorado do país na produção de vinhos de qualidade. E agora, caro leitor, qual uva se destaca para você no cenário brasileiro?